INSTITUTO FUTURISTA

Iconarmadilhemos a verdade para que ninguém lhe toque.

Mudanças Globais

O fantasma recorrente, não só na Europa como em todo mundo, não é já o comunismo; é a incerteza. A única certeza no limiar do terceiro milénio é a incerteza colectiva e individual a respeito do futuro. A sabedoria, a imaginação e a esperança são os três grandes deficits herdados do século XX.

A fascinante revolução tecnológica que hoje vivemos acelerou a velocidade da história humana; comprimiu a nossa actividade, ao encurtar as distancias e fazer-nos interactuar globalmente à velocidade dos nossos computadores. Hoje as fronteiras tornaram-se porosas às influências culturais, aos fluxos do capital e da informação. “Tudo mudou, excepto o nosso pensamento” advertiu Einstein ao inaugurar a era nuclear.

A humanidade ficou enjaulada numa arquitectura institucional, - local e mundial - tornada obsoleta e incapaz de responder com eficácia aos desafios da realidade em constante mudança. Sobretudo vivemos aprisionados pelo nosso imaginário moderno, axiomas civilizacionais e mitos culturais.

A Bíblia – considerada, à margem de crenças religiosas, um livro de sabedoria - alerta-nos a este respeito : “…e ninguém deita vinho novo em odres velhos; o contrário, o vinho novo romperá os odres, e perder-se-á o vinho e também os odres; mas deita-se vinho novo em odres novos.” Seguimos deitando a nova realidade tecnológica nos velhos odres institucionais que já não a podem conter. Deste modo – para dizê-lo como Hegel –, o racional vira irracional.

O século que há pouco se despediu foi testemunha, em inumeráveis ocasiões, da aplicação bárbara – no social e ecológico -, do progresso tecnológico alcançado.
A cibernética informa-nos para o facto dos parâmetros de um dado sistema só poderão ser controlados por outro sistema de maior complexidade. A complexidade da actual ordem mundial não é já governável pelas instituições emergentes no final da II Guerra Mundial, muito menos pelos axiomas éticos do imaginário moderno, cujas raízes mais distantes excedem os cinco séculos.

Juan Antonio Blanco

 
 
 
 

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