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A pobreza














Para melhor entender a pobreza teremos que distinguir a pobreza como subsistência, e a miséria como carência. É útil separar o conceito cultural de uma vida simples e sustentável entendida como pobreza, da experiência material da pobreza como resultado do despojamento e da carência.

A pobreza percebida como tal desde uma perspectiva cultural não necessita ser uma pobreza material real: as economias de subsistência que satisfazem as necessidades básicas mediante o autoprovisionamento não são pobres no sentido carencial do termo. Todavia a ideologia do desenvolvimento declara-as pobres por não participarem predominantemente na economia de mercado, e por não consumirem bens produzidos no mercado mundial e distribuídos por ele, mesmo satisfazendo as mesmas necessidades mediante mecanismos de autoprovisionamento.

Entende-se como pobres as pessoas que comem milho (cultivado pelas mulheres) em lugar da comida processada e distribuída de forma mercantil pelos agronegócios globais. Chamamos pobres se vivem em casas autoconstruídas a partir de materiais ecológicos como o bambu ou o barro em lugar de casas de cimento. Chamamos pobres aos que usam roupa feita à mão a partir de fibras naturais em lugar de sintéticas . A subsistência entendida culturalmente como pobreza não implica necessariamente uma baixa qualidade de vida física, pelo contrário, porque as economias de subsistência contribuem para o crescimento da economia da natureza e da economia social, asseguram elevada qualidade de vida em termos de alimentos e água, sustentabilidade dos modos de vida e uma robusta identidade e significado social e cultural.

Por outro lado a pobreza de 1 bilião de pessoas famintas, de 1 bilião de pessoas deficientemente alimentadas, vítimas da obesidade, padecem tanto de pobreza material como cultural. Um sistema que cria a negação e a doença, embora acumulando triliões de dólares de megabenefícios para os agronegócios é um sistema desenhado para criar a pobreza. A pobreza é um estado final, não é um estado inicial de um paradigma económico, o qual destrói os sistemas ecológicos e sociais que mantêm a vida, a saúde e a sustentabilidade do planeta e das pessoas.

E a pobreza económica é só uma das formas de pobreza. A pobreza cultural, a pobreza social, a pobreza ética, a pobreza ecológica, a pobreza espiritual são outras formas de pobreza com maior prevalência no denominado Norte rico. E estas pobrezas não se podem eliminar com dólares.



 
 
 
 

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