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A natureza está certa


Pesquisando as formas de plantas e animais, os engenheiros tentam construir o carro perfeito. Seja bem-vindo à biônica.

Desde os primórdios, o homem sempre se inspirou na natureza para criar ferramentas e máquinas. O avião, que surgiu como uma tentativa de imitar os pássaros, é o exemplo mais conhecido dessa relação. Desde o fim dos anos 50, porém, a biônica - cujo nome é resultado da junção de "biologia" e "técnica" - dedica-se à investigação sistemática de animais e plantas com o objetivo de desenvolver novas tecnologias. Suas pesquisas já renderam frutos em diversas áreas, como na medicina e na arquitetura. Para a indústria automobilística, os benefícios começam a surgir agora.

No fim do ano passado, a Mercedes-Benz apresentou um carro-conceito inteiramente desenvolvido segundo os preceitos da biônica. Para projetar o Carro Biônico, os alemães foram ao Museu Natural de Stuttgart (Alemanha) para buscar referências. "Procuramos soluções em diversas formas de vida, como pingüins, tubarões, tartarugas e besouros", diz o engenheiro Dieter Gürtler. O modelo escolhido foi um peixe tropical. O peixe-cofre - do inglês boxfish - demonstrou ter excelente hidrodinâmica, apesar de suas formas nada convencionais, além de esqueleto leve e alta resistência mecânica. Radiografado e fotografado de todos os ângulos, o Ostracion meleagris - nome científico do bichinho - cedeu suas formas ao protótipo, que recebeu um motor 1.4 diesel de 140 cavalos.

A Mercedes não tem planos de fabricar o Carro Biônico em escala comercial, tal qual foi apresentado. Para a empresa, no entanto, ele vale mais como vitrine tecnológica e laboratório para futuros lançamentos. Mas outros produtos biônicos já estão entre nós. Os coletores de escapamento do motor V6 3.0 da Audi, por exemplo, foram construídos segundo os mesmos critérios do monobloco do Carro Biônico. Esse princípio copia o crescimento dos ossos (e das árvores), os quais se tornam mais resistentes nas regiões que sofrem maior esforço e mais frágeis - com menos material - onde são menos exigidos. "A natureza não desperdiça energia nem materiais", diz a pesquisadora Anja-Karina Pahl, da Universidade de Bath, na Inglaterra.

Para imitar o esqueleto animal, os engenheiros tiveram que estudar o mecanismo de crescimento dos ossos e colocar as informações encontradas em um computador encarregado de reproduzi-las ao projetar as peças. Um outro exemplo de artefato biônico são as rodas das motos BMW K1200, que imitam as presas de um tigre. De acordo com a BMW, a construção espiralada torna os dentes quase inquebráveis e, no caso da moto, aumenta muito a resistência das rodas.

Paulo Campo Grande

via: Quatro Rodas


 
 
 
 

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