O que hoje passa por arte é, na sua maior parte, mentira pois é uma falácia supor que o método pode tornar-se o significado e o objectivo da arte. Não obstante, a maior parte dos artistas contemporâneos passa o seu tempo em exibições auto complacentes de método.
A questão da vanguarda é peculiar ao século XX, à época em que a arte vem progressivamente perdendo a sua espiritualidade. A situação é ainda pior nas artes visuais, que hoje estão quase inteiramente privadas de espiritualidade. A opinião corrente é a de que esta situação reflecte a “desespiritualização” da sociedade moderna, um diagnóstico com o qual, a nível de simples constatação da tragédia, concordo plenamente: trata-se mesmo de um reflexo da actual situação. A arte, porém, não deve apenas reflectir, mas também transcender; seu papel é fazer com que a visão espiritual influencie a realidade, como fez Dostoiesvski, o primeiro a expressar de forma inspirada o mal da época.
Andrei Tarkovski
“Esculpir o Tempo”
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