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Contribuições para a Utopia - Andre Gorz


O filósofo alemão Erich Hörl demonstrou, em uma tese realmente magistral, que, no curso dos últimos 150 anos, a ciência tem-se distanciado cada vez mais da realidade perceptível através dos sentidos, da realidade sensorial: no mundo real, um pensamento mais matematizante privilegia somente as estruturas que podem ser enquadradas em termos matemáticos. Por exemplo, a linguagem matemática dos cálculos informatizáveis tem contribuído para alienar não apenas a ciência mas também o capitalismo dos aspectos do sentido e das interações sociais, excluindo como não real tudo o que não seja calculável. À custa de processos de pensamento não sensoriais e matemáticos, têm-se chegado a uma condição ambiental e a um tipo de vida que já não é, física e mentalmente, a medida do homem. Por isso os detentores do poder têm tido a necessidade de criar seres humanos mais eficientes. A loucura do poder econômico e militar e a obsessão eficientista criaram a necessidade de inteligência artificial, de máquinas humanas artificiais. Só poderemos efetivamente falar de uma sociedade do saber quando a ciência e a economia não estiverem mais sujeitas aos imperativos do capital, quando perseguirem objetivos políticos sociais, ecológicos e culturais. Idéias como essa são hoje compartilhadas por um número ainda reduzido, mas em constante ascensão, de expoentes do mundo científico.

(extracto de uma entrevista de Andre Gorz publicada na Global Project.)

 
 
 
 

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