Entramos recentemente num novo século, mas entramos também num mundo novo, onde a colisão entre a nossa procura e a capacidade do planeta de a satisfazer começa a ser notícia diária; colheitas destruídas por onda de calor, uma vila abandonada devida à expansão do deserto, um aquífero esgotado, etc.
Se não actuarmos rapidamente, estes exemplos mais ou menos isolados, serão cada vez mais e mais frequentes, acumulando e combinando, determinarão o nosso futuro.
A natureza tem vários limiares que descobrimos demasiado tarde. Neste mundo acelerado apercebemo-nos que atravessamos esses limiares muito tarde, com pouco tempo para ajustamentos. Por explo, quando excedemos o limite sustentável da pesca, os stocks encolhem. Uma vez ultrapassado o limite temos pouco tempo para recuar e travar a pesca intensiva. Se falharmos a avaliação do limiar, os stocks encolhem até ao ponto que deixa de ser viável, entrando em colapso.
Hoje a situação é muito mais complexa porque além do desaparecimento das florestas e a erosão dos solos, enfrentamos o encolhimento dos aquíferos, destruição de colheitas pelas ondas de calor cada vez mais frequentes, pesca em colapso, expansão do deserto, morte dos recifes, fusão de glaciares, tempestades mais violentas, espécies em extinção e o muito próximo aperto no fornecimento de petróleo. Embora esta ecologia destruidora seja cada vez mais evidente, a sua inversão tem sido apenas ao nível nacional e muito pouco ao nível global.
O mundo está no que os ecologistas afirmam, em modo “Pressão/Colapso”, a procura excedeu o rendimento dos sistemas naturais em muitas vezes e em vários locais. Agora, pela primeira vez, ocorre ao nível global; florestas diminuem por todo o mundo, pesqueiros em colapso por todo o lado, o solo deteriora-se em todos os continentes, aquíferos secam em muitos países e as emissões de dióxido de carbono (CO2) excedem a sua fixação.
Numa engenhosa abordagem ao cálculo da presença física do homem no planeta, Paul MacCardy, o fundador e chairman da AeroVironment e designer do primeiro avião alimentado a energia solar, calculou o peso de todos os vertebrados na terra e no ar. Notou que nos primórdios da agricultura, os humanos e os seus animais domésticos, juntos, contavam menos de 0,1% do total. Hoje estima que este grupo conta em 98% do total de vertebrados existentes na terra, sendo os restantes 2% os vertebrados selvagens incluindo elefantes, felinos, ruminantes, aves, pequenos mamíferos etc.
Os ecologistas estão familiarizados com este fenómeno pressão/colapso. Um dos seus exemplos favoritos começou em 1944, quando a Guarda Costeira introduziu 29 renas nas remotas ilhas de St. Matthew no mar de Bering para servir de reserva alimentar a 19 homens que trabalhavam numa estação. Um ano após o final da 2ª Grande Guerra a estação foi encerrada e os homens partiram. Em 1957, o biologista David Kline visitou St. Matthew e descobriu a prospera população de 1.350 renas alimentando-se na charneca de líquenes de 4 polegadas de espessura que cobria a superfície de 332 quilómetros quadrados da ilha. Na ausência de predadores a população explodiu. Em 1963 chegou aos 6.000. Voltou à ilha em 1966 e descobriu a ilha repleta de esqueletos de rena e muito pouco líquen. Só 42 renas sobreviveram: 41 fêmeas, 1 macho doente e nenhuma cria. Por volta de 1980 nenhuma sobreviveu.
Actualmente cerca de 42 países tem uma população estável ou de ligeira descida resultado da baixa taxa de nascimento. Mas alguns demógrafos auguram o declínio da população em certos países devido à subida da taxa de mortalidade, como no Botswana, Lesoto, Namíbia e Suazilândia. Na ausência de uma mudança rápida para núcleos familiares mais pequenos, a lista de países irá aumentar nos anos mais próximos.
Lester R. Brown - Plano B (cont)
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