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3 Lester Brown - A Natureza do Mundo Novo II

Mesmo com a degradação ambiental provocada pelos sistemas económicos, o mundo extrai negligentemente petróleo a um ritmo insustentável. Geólogos estimam que a produção de petróleo atingirá em breve um pico máximo seguindo-se uma descida. Este choque entre o crescimento contínuo da procura petrolífera e os recursos finitos do planeta faz parte de uma longa série de choques em cadeia. Embora ninguém saiba exactamente quando, a produção petrolífera atingirá o pico, a oferta começa a não satisfazer a procura, conduzindo a um aumento dos preços.

Neste novo mundo, o preço do petróleo começa a concertar o preço dos alimentos, não pelo aumento dos combustíveis para os agricultores e indústrias alimentares mas devido ao facto de quase tudo que comemos poder ser convertido a combustível. Neste novo mundo de altos preços de combustível, supermercados e postos de combustível competirão no mercado por produtos como o açúcar, milho, soja e trigo. O trigo que entra no mercado pode ser convertido em pão para os supermercados ou em etanol para o posto de combustível. O óleo de soja pode ser vendido nas prateleiras do supermercado ou pode ser transformado em biodiesel. De facto, os 800 milhões de proprietários de carros competirão pelos recursos alimentares com 1.2 biliões de pessoas que vivem com menos de 1 dólar por dia.

Confrontados com a insaciável procura de combustível, os agricultores abatem ainda mais a floresta para alargar o cultivo de cana-de-açúcar, óleo de palma e outros produtos de alto rendimento combustível. Entretanto biliões de dólares de investimento privado orientar-se-ão neste esforço. O aumento do preço do petróleo gera um novo e colossal desafio à biodiversidade planetária. A escalada de preços das mercadorias agrícolas implica uma mudança no comportamento tradicional do comércio internacional, tentando deste modo controlar os fornecimentos. Países fortemente dependentes de importação de grãos para alimentos preocupam-se seriamente com a pressão sobre os preços dos alimentos pelas destilarias de combustível. A deterioração da segurança do petróleo implica a deterioração da segurança alimentar. À medida que o papel do petróleo recua, o processo de globalização inverte-se-á em aspectos fundamentais.

Com o mundo em torno do consumo petrolífero no último século a economia da energia globalizou-se com forte dependência dos fornecimentos de um punhado de países no Médio Oriente. Agora assistimos a uma viragem para a eólica, solar e geotérmica, assistimos ao aparecimento da economia mundial da energia.

A globalização da economia dos alimentos também se inverterá à medida que os preços altos do petróleo cobrirem o custo do transporte internacional dos alimentos. Em resposta os alimentos consumidos serão cada vez mais produzidos localmente.

O mundo enfrenta a emergência de uma geopolítica da escassez, visível nos esforços da China e Índia e outros países em desenvolvimento, de assegurarem o acesso a fontes de combustível. Num futuro próximo, o objectivo será assegurar o acesso não só ao petróleo do Médio Oriente mas também ao etanol brasileiro ou ao grão norte-americano. Pressões sobre o solo e aquíferos, já excessivos, serão intensificados pela escalada da procura energética dos biocombustiveis . A geopolítica da escassez é o primeiro sinal de uma civilização em modo Pressão/Colapso, tal como aconteceu nas cidades Maias, a competição por comida nos agonizantes anos de escassez.

Não é preciso ser um ecologista para reconhecer que se a tendência das coisas não se alterar a economia global tenderá para um longo “crash”. Não é por ignorância que baqueamos, os governos nacionais devem estabelecer medidas tendentes a estabilizar a população e reestruturar a economia antes que seja tarde. Se olharmos para o que acontece na China ajuda-nos a ver e a tomar as medidas necessárias e urgentes.

Lester Brown planoB (cont)

 
 
 
 

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