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Pressão/Colapso

O mundo atravessa, como afirmam os ecologistas, um fenómeno de “Pressão/Colapso”; a procura excede o rendimento dos sistemas naturais em muitas vezes e em vários locais. Agora, pela primeira vez, ocorre ao nível global; florestas diminuem por todo o mundo, pesqueiros em colapso por todo o lado, o solo deteriora-se em todos os continentes, aquíferos secam em muitos países e as emissões de dióxido de carbono (CO2) excedem a sua fixação.

Em 2002, um grupo de cientistas liderado por Mathis Wackernagel, presidente actual da Global Footprint Network, concluiu que a procura do colectivo humano ultrapassou a capacidade regenerativa do planeta à volta de 1980. Os seus estudos publicados pela U.S.National Academy of Sciences, estimaram que a procura global em 1999 excedeu a capacidade regenerativa em 20%. Esta diferença cresce 1% ou mais por ano, estando actualmente mais alargada. O aumento da procura pelos recursos naturais configura o declínio e o colapso.

Numa engenhosa abordagem ao cálculo da presença física do homem no planeta, Paul MacCardy, fundador da AeroVironment e designer do primeiro avião alimentado a energia solar, calculou o peso de todos os vertebrados na terra e no ar. Notou que nos primórdios da agricultura, os humanos e os seus animais domésticos, juntos, contavam menos de 0,1% do total. Hoje estima que este grupo conta em 98% do total de vertebrados existentes na terra, sendo os restantes 2% os vertebrados selvagens incluindo elefantes, felinos, ruminantes, aves, pequenos mamíferos etc.

Os ecologistas estão familiarizados com este fenómeno pressão/colapso. Um dos seus exemplos favoritos começou em 1944, quando a Guarda Costeira introduziu 29 renas nas remotas ilhas de St. Matthew no mar de Bering para servir de reserva alimentar a 19 homens que trabalhavam numa estação. Um ano após o final da 2ª Grande Guerra a estação foi encerrada e os homens partiram. Em 1957, o biólogo David Kline visitou St. Matthew e descobriu a próspera população de 1.350 renas alimentando-se da charneca plena de líquenes de 4 polegadas de espessura que cobriam a superfície de 332 quilómetros quadrados da ilha. Na ausência de predadores a população explodiu. Em 1963 chegou aos 6.000. Voltou à ilha em 1966 e descobriu a ilha repleta de esqueletos de rena e muito pouco líquen. Só 42 renas sobreviveram: 41 fêmeas e 1 macho doente. Não havia crias. Por volta de 1980 as restantes renas morreram.

Tal como as renas de St. Matthew, também nós sobre-consumimos os nossos recursos naturais. Este exagero aponta às vezes o declínio outras vezes o colapso total.

Lester R. Brown

 
 
 
 

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