É de manifesta evidência a impreparação da generalidade dos nossos empresários para arrostar com serenidade os desafios. A ausência de uma cultura de risco calculado, a crença nas árvores pataqueiras e nos manás chovendo graças celestiais na 25ª hora, o chupismo do subsidiarismo, o eterno recuso ao Estado que já foi Casa da Guiné e da Mina, Casa da Índia e até o Entreposto-holding que até dava emprego a muito imbecil que saía da metrópole e chegava às áfricas com adamanes de reinete. Em Portugal só houve economia de transporte, a indústria e os ofícios sempre foram olhados como estranhos à natureza dos portugueses, o Estado viveu sempre paredes-meias com as famílias que fizeram a banca, os seguros e a bolsa, a agricultura nunca passou de actividade de subsistência.
É estranho, pois, que os nossos capitalistas, agora tão euro-dependentes como outrora Estado-dependentes, se reivindiquem de um pensamento liberal que nunca vingou, pois a empresários destes sempre foi necessária a muleta do proteccionismo, do monopólio e do amiguismo que ganha concursos, que sufoca a competição e perpetua o medo dos pequenos em avançarem para o terreno do mercado. O pequeno, logo que reune meia dúzia de cobres, ora faz uma casa, ora abre um café ou uma retrosaria; tudo coisas importantes. Quando se fizer uma história do empresarialismo português afundar-se-ão todas as pequenas e grandes mentiras sobre o tão propalado como inexistente "capitalismo em Portugal".
Combustões, um blogue onde não se diz mal de Portugal.
20.3.09
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