A entropia é a inversão do tempo, ou seja, esse aspecto do tempo pelo qual quanto mais se regride no tempo, mais "intenso" é o tempo. E quanto mais se progride mais "diluído" é o tempo. É o tempo em seu aspecto negativo: nós estamos acostumados a pensar no devir do cosmos como um progressivo vir-a-ser, mas, na verdade, trata-se de um regressivo deixar-de-ser sem aniquilar-se: acumula-se um "entulho de ser". Como mostram muito bem os físicos Bernhard e Karl Philbert, não só o espaço é função do tempo, mas o próprio tempo é função do tempo. Não podemos pensar num tempo uniforme e linear e separado das coisas, mas num tempo entrópico, que se degrada com o tempo, tendendo assintoticamente ao fim do próprio tempo; ou, como se poderia dizer satiricamente:
"o tempo vai morrer com o tempo" (ou na visão joanina: "Não haverá mais tempo" Ap 10, 6).
"o tempo vai morrer com o tempo" (ou na visão joanina: "Não haverá mais tempo" Ap 10, 6).
Mario Bruno Sproviero
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A assertiva é parte de uma entrevista do Sproviero que pode ser lida inteiramente, pois está disponível na web. O trecho aqui publicado é muito subjetivo e fará mais sentido com a leitura completa da entrevista. Entropia é um asssunto complexo e com certeza não se esgota com os comentários do professor. Evolution as Entropy (Brooks e Willey, 1988) é um livro que eu gostaria de sugerir para leitura, no sentido de contribuir para um entendimento mais amplo sobre o assunto. Do jeito como está na entrevista, entropia parece mais um demônio destruidor, pois está fora do seu contexto mais amplo.
Clóvis Franco
2:52 da tarde